domingo, 3 de junho de 2012

Respondendo à Odete Roitman.

Uma das vilãs mais lembradas da teledramaturgia brasileira é Odete Roitman, de Vale Tudo, novela exibida pela Tv Globo entre 1988 e 1989. Retrata bem o que era o nosso país naquele fervilhante contexto de nascimento de nossa democracia e o que ainda continuamos sendo nos dias atuais. 

Protagonizada pela atriz Beatriz Segall, a personagem destilou racismos dos mais variados, porém expressa com grande definição o abismo que há entre riqueza e pobreza no Brasil. Algumas de suas "pérolas" servem de reflexão para o destino que queremos dar a nossa pátria. Selecionei duas delas e fiz a cada uma, pequena (rs) reflexão.

1) “Eu gosto do Brasil. Acho lindo, uma beleza. Mas de longe, no cartão postal. Essa terra aqui não tem jeito. Esse povo daqui não vai pra frente, é preguiçoso. Só se fala em crise e ninguém trabalha?”

Eu não concordo que o povo seja preguiçoso, Odete. O mercado de pessoas em busca de ocupação cresce a cada ano e algumas destas, pelo fato de não acharem uma oportunidade de emprego que lhes permitam viver com dignidade, caminham para o subemprego e criminalidade. Os altos impostos causam efeito nocivo em nossa economia, aumentando a informalidade e inibindo a formação de pequenos e médios negócios. O Brasil tem crescido economicamente e tem diminuído os índices gerais de pobreza extrema, ao qual milhões de pessoas migraram para a classe média a partir de meados da década passada, porém somos a lanterninha dos BRIC's (sigla criada pelo banco Goldman Sachs, com as iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China). Temos grandes potenciais, aos quais precisamos melhor explorá-los. Não temos mais desordens inflacionárias e os juros estão em queda. Recorde histórico. Hoje, fala-se de crises econômicas, mas na Europa. O Brasil, apesar da alta carga tributária e relevante grau de corruptibilidade das instituições, é um grande destinatário de investimentos externos. Precisamos unicamente de moralização e eficiência do poder público e de uma opinião geral desfavorável a qualquer postura que se traduza em privilégios ilegais a quem se serve do poder em prejuízo de toda uma sociedade. O Brasil tem jeito sim. Por que não protagonizarmos o retorno dos "caras-pintadas" contra todos os gestores públicos que seguem o exemplo de Collor atualmente?

2)“A única solução para a violência é a pena de morte. Para ladrão e assaltante, cortar a mão em praça pública. E se cortasse a mão dessa gente, diminuiria o índice de violência nesse país. Não tenha dúvida.”

Odete, jamais veríamos Lalaus, Georginas, Maluf's ou Carlinhos Cachoeiras perdendo suas mãozinhas na guilhotina. Um ladrão de galinha, rouba uma galinha e prejudica unicamente ao dono do galinheiro. Um ladrão de dinheiro público rouba a vida de vários seres humanos, já que o dinheiro arrecadado em impostos poderia ter servido, se bem aplicado, para oferecer um bom atendimento no serviço público de saúde a quem dele precisar, evitando óbito de pacientes do SUS que não tem renda suficiente sequer para custear suas despesas pessoais com alimentação, o que dirá em pagar plano hospitalar... A violência é um reflexo da marginalização social advinda de agentes corruptos que parasitam das instituições do poder público.

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